domingo, 16 de janeiro de 2011

Tem dias de abrir todas as janelas
de deixar os vizinhos verem
o que quer que seja.
Quem se importa
com tua auto-imagem torta?

Tem dias em que só importa
o aqui,
o agora.
Dias em que se percebe
que é agridoce
o sabor
da maturidade.

Afinal,
ela decidiu
ficar ali mesmo.
Cansou,
pensou,
de correr atrás da vida.
Se algo mais havia
para lhe dar
 - que viesse a vida a correr atrás de si.
Porque dali não sairia.
Feliz que estava
de viver
em si mesma.

Percebeu
que a maturidade tinha sabor agridoce.
Grande parte do que aprendera a valorizar
já havia passado.
Pessoas, amigos, amores, avós, primos, praias, casas, cidades.
As comidas que a avó fazia,
os cheiros das casas de madeira, o som da praia, 
o cheiro da areia...
Viver sem arrependimentos é grande, e grave, 
no sentido sonoro do termo!

Em sua história,
em seus medos,
até em seus desejos não realizados...
Silêncio ou barulhos,
mar,
ou vizinhos cantando desafinadamente – Raul,
Tanto fazia...

Permanecia, apenas,
sereno
o cheiro de grama cortada
e o cheiro do mar!

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