quarta-feira, 20 de maio de 2015

Valquíria

Valquíria quer mais vinho. Mais, mais vinho. Valquíria fria parada no tempo. Vendo o tempo repetir. Olha pela janela, olha a chuva fininha contra as paredes brancas. Embora chova, o céu tem claridade intensa... Valquíria enrolada em um cobertor, sentada junto à soleira da porta, sentindo frio, o coração descompassado. Calor ao mesmo tempo. Valquíria ouvindo o ruído que vem do quarto ao lado, vendo a chuva cair fininha sobre a grama, sobre as árvores de verão com folhas de vários tons diferentes. Valquíria querendo sentir dor. Valquíria quer mais vinho, quer mais tempo, quer mais sexo. Mais discussões mesquinhas em cuja teimosia esconde seu desejo de si mesma. Valquíria quer mais álcool e mais dor. Valquíria quer aquela dor daquele sexo rápido e sem palavras, de estar transando com teu amante enquanto dormes no quarto ao lado. E Valquíria quase disse, em meio á bebedeira, que queria ter teu filho. A chuva passou rápido, rápido como seu desejo. Desejo de correr na chuva. Aquela, aquela durou quase o dia inteiro, entre uma pequena angústia e outra partida de baralho. Valquíria quer álcool e barulho. Valquíria quer te matar.

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