quinta-feira, 22 de abril de 2010


Dia desses me deparei com o trabalho da Kumi Yamashita, através de uma dica do meu irmão (confira no endereço ao final desta). Da página OBVIOUS retirei a imagem acima, a que me chamou mais a atenção dentre várias do trabalho da Kumi.
Lembrei-me imediatamente do trabalho do Anish Kapoor. Guardadas as devidas diferenças entre ambos, algo em ambos é evidente: trata-se de trabalhos que mobilizam - ou melhor - desestabilizam nossas "certezas".
Sempre acreditei que um bom trabalho de arte faz isto - mesmo quando o faz de maneira absolutamente singela como Kumi faz aqui. Um bom trabalho de arte nos faz repensar o que julgamos que sabemos. Ou, pelo menos, nos lembra do quanto podemos ser enganados quando emitimos julgamentos baseados naquilo que julgamos já conhecer.
No trabalho tão singelo - singeleza da simplicidade da forma - me lembrei, mais uma vez que tudo, absolutamente tudo que julgamos saber, que pensamos ou que vemos, pode ser outra coisa. Cada discurso - e formas também são discursos - contém um "avesso". Mesmo quando o avesso é negado, basta jogar um pouco de luz sobre a questão, e os insuspeitos, as vezes até mesmo as oposições, aparecem. Saber o que se diz, saber o que se ouve, saber o que se lê deveria ser, sempre, um saudável exercício de desconfiança de nós mesmos!

terça-feira, 13 de abril de 2010



Um dia,
Subindo a Santo Antônio,
me dei conta
de que há uma relação direta
entre desistir e morrer.
Como se o corpo acumulasse, ao longo do tempo
as muitas experiências de desistência
– desistência porque não aceitação –
de uma vida.
E um dia,
o corpo cansado de tanta desistência, 
desiste!