sexta-feira, 21 de dezembro de 2012


adentrara tempo sem tempo
sem passado sem futuro sem espera
sem urgência
tempo sem cheiro, sem peso
adentrara um não lugar
pleno
de vazio
escorria  a nebulosa intergalática sem fim

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

terça-feira, 27 de novembro de 2012

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

envio-te daqui
esse cheiro de chuva
- es riecht aber so komich -
esse ar de amor
pedra quente
chuva lasciva
gotas de mim

terça-feira, 23 de outubro de 2012

domingo, 7 de outubro de 2012

Dilema - Antonio Cícero

O que muito me confunde
é que no fundo de mim estou eu
e no fundo de mim estou eu.

No fundo
sei que não sou sem fim
e sou feito de um mundo imenso
imerso num universo
que não é feito de mim.

Mas mesmo isso é controverso
se nos versos de um poema
perverso sai o reverso.

Disperso num tal dilema
o certo é reconhecer:
no fundo de mim
sou sem fundo.


Para mais Antonio Cícero:
http://antoniocicero.blogspot.com.br/

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

ENTRE LO QUE VEO Y DIGO...

Octavio Paz
A Roman Jakobson

1

Entre lo que veo y digo,
entre lo que digo y callo,
entre lo que callo y sueño,
entre lo que sueño y olvido,
la poesía.
Se desliza
entre el sí y el no:
dice
lo que callo,
calla
lo que digo,
sueña
lo que olvido.
No es un decir:
es un hacer.
Es un hacer
que es un decir.
La poesía
se dice y se oye:
es real.
Y apenas digo
es real,
se disipa.
¿Así es más real?

 2

Idea palpable,
palabra
impalpable:
la poesía
va y viene
entre lo que es
y lo que no es.
Teje reflejos
y los desteje.
La poesía
siembra ojos en la página,
siembra palabras en los ojos.
Los ojos hablan,
las palabras miran,
las miradas piensan.
Oír
los pensamientos,
ver
lo que decimos,
tocar
el cuerpo de la idea.
Los ojos
se cierran,
las palabras se abren.

Para quem como eu gosta de poesia, ainda maior é a delícia de ouvir no que disse outro outro aquilo que diria para meu próprio outro.
Fica a dica de um excelente blog para pesquisa e leitura de poesias das mais variadas origens:

http://www.antoniomiranda.com.br

domingo, 2 de setembro de 2012

num passo que fui

 



foi.

domingo, 26 de agosto de 2012

segunda-feira, 23 de julho de 2012

segunda-feira, 18 de junho de 2012


existe uma marca
que é um resto de céu.
houve uma época
em que aquele edifício
reinava absoluto na paisagem

Uma bruma de calor invadira as ruas em pleno inverno

fluía aquele ponto
irradiante e escuro
onde a realidade
encontrava
o desejo.

Pintura Medieval III





Pintura Medieval II


sábado, 26 de maio de 2012

sábado, 5 de maio de 2012

Degas e um pouco de erotismo



































Como falei na postagem anterior sobre o quanto as fotografias de Matt Blum me lembravam as banhistas de Degas, achei oportuno postar alguns desses desenhos feitos por ele em pastel seco. Em seu tempo, finais do século XIX, Degas também desafiava convenções, modismos e estereótipos de erotismo e representação. Nesta época, ainda, a arte apresentava a nudez feminina preferencialmente no reservado espaço da ilustração mitológica. Nas cenas com deusas nuas, o espaço estava cuidadosa e moralmente afastado dos olhares das mulheres da época. Degas, ao contrário, despe mulheres de seu próprio tempo. Despe as mulheres que lhe são possíveis. Mulheres reais. Mulheres ocupadas em uma tarefa algo trabalhosa na França da época que não possuia água encanada ou banheiros propriamente ditos. Mulheres ao banho. Entrando e saindo de banheiras, bacias, o que houvesse. Pensando em erotismo, quanta analogia é possível, quanta metáfora para as poses, maneiras e utensílios que cada um desses desenhos mostra e para o outro tanto que sugerem.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Cortinas de banheiro e outros erotismos...









Fiquei encantada quando vi este projeto fotográfico: The Nu Project, do Matt Blum. Lembrei de um trecho lido dia desses sobre o erotismo que afirmava que o erotismo existe em nossa cabeça, em nossa mente, muito mais do que em nosso corpo. Certa vez tive uma reveladora conversa sobre imaginário baseada na consideração sobre o valor das cortinas no box do meu banheiro. Obviamente certo outro argumentava comigo sobre a necessidade que havia de eu substituir minha cortina com estampa setentosa em tons de azul por um box de vidro temperado. Quanto a mim, definitivamente, o banheiro perderia o tempero, justamente. Pois bem, a série de Matt mostra justamente isto, revela e é isto: uma nudez real. E, talvez por isso, algo com real potencial erótico. Admirei tanto o fato do fotógrafo mostrar corpos reais como o fato de fotografá-los em seu próprio ambiente. Erotismo é isso, não é a perfeição da forma. A série de fotografias de Matt me lembrou muito a série de desenhos de banhistas realizadas por Degas no final do século XIX. Sobre o desenho, Degas afirmava que não era a forma, mas a maneira de ver a forma. Erótica é a maneira de ver a forma. Há coisa mais brochante que um estereótipo? Muito mais do que encontro de um corpo idealizado - massacrado em nosso imaginário pela mídia - o erótico pode ser o insuspeito de nós mesmos que descobrimos através do outro. A cor de uma parede, os ladrilhos antigos na parede do banheiro, uma sujeirinha no canto, o tecido amaciado pela pele da roupa de cama, certo livro na estante, é tão erótico quanto um insuspeito, um desconhecido, imprevisto gosto de boca, dobra de pele, cheiro, marca, coçadinha no queixo. O potencial erótico da série de Matt se amplia ao mostrar não somente certas nudezes, mas também certas casas, certas vidas, certas realidades. Afinal, despir-se é bem mais difícil do que tirar a roupa.

Além das imagens, pra quem se vira com o inglês, o site do projeto é absurdamente generoso e, penso, uma fonte muito interessante de pesquisa, pois disponibiliza também muitas informações e depoimentos das mulheres fotografadas. 
Para ver o trabalho na íntegra, acesse: http://thenuproject.com/

domingo, 29 de abril de 2012