domingo, 9 de fevereiro de 2014

azul

era tão fácil perder o momento
fácil perder a inspiração
de um dia que se tornara lugar de folhas de palmeiras varrendo o chão
cidade vazia
com sabor de despedida
e vento com aroma de chuva
e gosto de liberdade
de um calor que amolecera o asfalto tanto quanto ela
the big blue
the big blue era a mancha de cor
que aos poucos perdia a transparência
mancha de sutil escuridão
na qual desapareciam as linhas que a guiavam
mancha de azul que divisava
a cada virada
num universo recortado por todos os azuis
do mesmo azul
universo quente e controlado
da piscina
desculpe-me Maurice,
mas perceber é estar dentro d’água
mergulhada em camadas de imagens
com pontos de fuga distintos
lugares sobrepostos, justapostos,
locais de inversão
o ar que saia pela boca
eram estrelas em ascensão
ele teria dito, estrelas cadentes
outro diria os pingos frios da chuva
ou a imensa liberdade da piscina olímpica inteira para si
perdera a maior parte dos melhores pensamentos
agora que precisava de alguma maneira pensar no que fazer
deslocar-se não era mais apenas seguir uma direção
talvez fosse tomar alguma decisão
que juntasse as peças do quebra-cabeças dos ladrilhos
que não existiam no fundo do mar
no fundo esverdeado sem fundo

da borda irregular, oscilante do mundo.

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