quarta-feira, 20 de abril de 2016
Jose Leonilson - poetry
One part of the town
is the path to your home
and the streets know it
they saw me passing by
the town knows it
and so does the time
Jose Leonilson, A cidade sabe e o tempo também,
drawing on paper, no date.
MAM collection: http://mam.org.br/acervo/1997-008-leonilson-jose/
Words translated by Ana Lucia Beck.
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LEONILSON,
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Poetry and poets,
Word and Image
quarta-feira, 6 de abril de 2016
a aranha
Ela não era mãe.
Seu corpo não conhecera a transformação das entranhas. Aquela súbita energia
crescendo dentro de si sem ser sua. Não conhecera as dores do parto na carne. Tão
pouco o êxtase da vida saindo de si, da vida cristalizada no olhar de seu filho
recém-nascido. Ainda assim, pensava que não era difícil entender a aranha. A metáfora
da aranha desenhada pela artista. A cada semana, às vezes até mesmo a cada três
ou quarto dias, era relembrada sobre o sentido da dedicação que a artista
atribuía à mãe tanto quanto à aranha. Ao passar dos dias na pequena casa que escolhera
como lar após ter desistido de tudo que era seu meu até então. A cada retorno a
pequena casa que cabia perfeitamente dentro de si própria. Pequena casa não
mais sua nem menos do mundo do que cada outro quarto de hotel qualquer. A cada tentativa
de limpeza, lhe marcava imperiosamente a dedicação das aranhas. Não que sequer reconhecesse a mesma dedicação em sua própria mãe, mas a cada semana, independentemente da
vassoura ou da escova, do pano de chão ou do vinagre, em cada canto, em cada
dobra do espaço, em cada esquecimento do dia a dia, lá estavam as
teias novamente. As teias tecidas na dedicação constante, incansável de um fazer que instalava a cada dia o dia a dia ignorando a cada tentativa do que, ou de quem
quer que fosse a retirá-las do lugar onde haviam se instalado. A dedicação era
a constância. A dedicação era um viver que se construía em um fazer eterno. Um
fazer contrário a todas as probabilidades. Um fazer além do todas as ameaças,
de todo alijamento de seu direito de ser diligente.
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Louise Bourgeois,
poesia de sangue e tinta
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