sábado, 21 de agosto de 2010























O cansaço lhe tirava a fome
lhe roubava o desejo de alento

decidiu ater-se aos fatos,
cansada que estava de adjetivar a vida

havia dias em que lhe roubavam
a melodia dos pensamentos
de si escutava apenas o vazio
que reverberava no sofrimento alheio

o cansaço lhe impedia
de chorar
de sorrir
de sonhar
de dormir

este cansaço era apenas
vácuo da existência

quando cansava da vida
sentia-se confortável muito longe de casa

o cansaço lhe retirava
o sentido do meu, seu, teu
era tudo e todos ao mesmo tempo

percebia o cansaço
nos sorrisos alheios

naqueles dias
poucos “bom dia”
mudavam seu dia

respondia sorrindo
mas no fundo
emudecia
e tirava rugas do tecido da vida
com vapor quente

2 comentários:

  1. Ana, que lindo...
    Obrigada. Preciso dizer que não te esqueci, que é impossível fugir de ti!
    Abraço.

    ResponderExcluir
  2. Ana,estou ás lágrimas com teu poema. é assim que me sinto, diariamente...bjs.Tati

    ResponderExcluir