sábado, 18 de abril de 2015

5_4_92

é melhor que ela pense
que ainda não acordei
é melhor que todos pensem
que ainda estou morta
enquanto apodreço

desapego
num mundo visível
me perco entre mil gentes
mil risadas
das casas alheias
mil ternuras
amargas
envelhecidas
de estação em estação

relógio sem areia
sem tempo

apenas dor
de vidro quebrado
pedaços perdidos
na areia do mar

nu
sem coragem de ver
com demais para sentir
envolto em sal
na areia

brancura
transparente
tuas vísceras são roxas
teu desespero vermelho
meus olhos também

pedaço do mar.


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